Não somos um objecto
Houve muitos episódios de violência psicológica e acreditem, às vezes é melhor levar uma chapada, do que ser apelidada de incompetente ou de me cansar pela exaustão das palavras, ao ponto de eu perder a noção e estravasar através do grito a minha revolta.
Não me fez bem a mim, nem aos meus filhos, sobretudo ao mais novo.
Perdi a noção das vezes que o tentei chamar à razão, de lhe dizer que não era um objecto sexual que servia apenas para obter satisfação quando ele queria e que descartava no exato momento seguinte.
Não me lembro da última vez em que ele me tenha feito uma surpresa, ou dizer um simples (mas com tanto significado) amo-te, ou és importante para mim.
Talvez a culpa tenha sido minha, priorizei demasiado o meu trabalho, e foquei-me muito no crescimento e desenvolvimento da minha empresa. Certo é que me ajudou muito! E se não tivesse o suporte de bastidores dele em casa, não me conseguia dedicar tão afincadamente ao meu trabalho, mas caramba, faltou tudo o resto...
Sempre nos "obriguei" a tirar fins-de-semana e férias a sós, que por sinal até começavam bem, mas acabavam sempre mal. Ou porque o restaurante tinha sido mal escolhido, ou porque não chegava-mos a acordo no que íamos fazer em determinado dia, enfim uma sucessão de episódios que levavam sempre à discussão, ou às vezes a um silêncio tão desconfortável, que se tornava cortante. Nunca me senti como uma prioridade na vida dele, tudo tinha mais importância do que eu e o meu bem estar. Sempre fiz questão de lhe falar nesse meu desconforto, mas de nada adiantou.
A relação ultimamente estava tão distante, que nos últimos tempos, a duração das nossas (poucas) chamadas telefónicas, não ultrapassava os 60s, e em casa o diálogo era inesistente.
"Naqueles dias" o envolvimento sexual era intenso, explosivo até! Eram os únicos momentos em que realmente me sentia especial para ele, mas também sei, que não passava de ser um meio para atingir um fim. Sempre, ou quase sempre que o desejo partia de mim, o resultado era virar-me as costas e dizer que estava cansado.
Agora e a esta distância percebo que, seja numa relação amorosa ou outra, nunca, mas mesmo NUNCA, nos devemos anular enquanto pessoas, só porque é mais confortável não arranjarmos mais chatisses que aquelas que já temos.
Sabem comecei a cuidar mais de mim, a priorizar-me enquanto pessoa e a valorizar-me enquanto mulher.
Acreditem, tem-me feito tão bem!!
Felizmente estou rodeada de gente boa, que a todo o instante me têm manifestado a sua compreensão por toda esta situação e me têm impulsionado com palavras de conforto.
Mudei tanta coisa na minha vida!!
Pequenas é certo, mas têm feito tanto sentido.
Arranjei uma companhia, o "Aquiles" (um dia destes falo sobre ele).
Fiz um novo corte de cabelo, recomeçei a pintar as unhas. Voltei, imaginem a usar creme, preocupa-me com o que visto e calço (antigamente era a primeira peça que me viesse ter à mão). Epá e realmente faz toda a diferença.
Olho-me ao espelho, percebo que não tenho 20 anos, mas gosto muito do que vejo. E sobretudo gosto muito da pessoa que sou por dentro. Felizmente sempre fui muito bem resolvida comigo própria, conheço-me como ninguém e sabem, gosto mesmo de mim.
Talvez essa seja a chave, GOSTARMOS DE NÓS!!
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