Ressignificar: quando a dor se torna caminho


Durante muito tempo, acreditei que algumas dores vinham para nos esmagar.
Que certas perdas, certas desilusões, tinham um peso demasiado fundo no peito, impossível de erguer.
Mas aos poucos — muito devagarinho, no meu tempo — fui descobrindo que algumas dessas dores traziam algo escondido:
um convite silencioso para me reinventar, para evoluir.

Ressignificar é isso.
É escolher transformar o que me magoou em algo novo.
É olhar para a minha própria história com mais ternura, mais compaixão e menos julgamento.
Não para esquecer, mas para entender.
Não para apagar, mas para dar um novo sentido.

Houve dias em que me custou respirar.
Dias em que me sentia a caminhar com os pés feridos por dentro.
Mas mesmo nesses dias, algo em mim — talvez a alma, talvez o amor-próprio que fui aprendendo a reconstruir — dizia-me baixinho:
continua, ainda há luz ao fundo desta dor.

Aprendi que ressignificar não é um ato rápido.
É um processo.
Às vezes lento, outras vezes intenso.
Mas sempre verdadeiro.
É um reencontro comigo mesma.
Com a mulher que caiu, mas se levantou.
Com a mulher que chorou, mas também dançou.
Com a mulher que se perdeu, mas acabou por se encontrar — mais inteira, mais serena, mais dona de si.

Hoje percebo que cada cicatriz que carrego tem uma história.
E que essas histórias, mesmo as mais difíceis, me trouxeram até aqui.
Fizeram-me mais humana.
Mais sensível à dor dos outros.
Mais grata pelos afetos simples.
Mais atenta às pequenas alegrias que antes me passavam despercebidas.

Ressignificar é, para mim, o mais profundo ato de amor que podemos oferecer a nós mesmos.
É dizer ao mundo — e a nós próprios:
"Não sou o que me aconteceu. Sou o que escolhi fazer com isso."

E tu?
O que tens escolhido fazer com as tuas dores?

Com amor,
Carla Brito

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